Neste trabalho debruço-me sobre a paisagem rural em toda a sua universalidade transcendente, intervindo nela através de gestos poéticos de escuta a elementos humanos e não humanos, numa perspetiva holística de Gaia. Representantes ancestrais do pensar, dos saberes, fazeres, e ser da não-urbanidade, os mestres e as mestras artesãs dialogam com a paisagem física em ações criativas de arte, cultura e mundo. Quer através da etnografia audiovisual quer por via de intervenções artísticas em confluências anímicas com a paisagem da Mata de Vascões, utilizo-me da linguagem cinematográfica para exercitar uma relação afetiva, política e estética. Por um lado, assomam-se componentes físicos e metafísicos da mata, por outro pulsa a emotividade arcádica da artista. Assim, como escutar e incorporar o binômio paisagem-artista dentro do seu papel catártico e coparticipativo na criação artística? Tal busca vai de encontro a uma conjuntura jurídica que vislumbra uma nova entidade legal no contexto edênico pós-moderno: alguns países, como Equador, Nova Zelândia, Colômbia, Índia, vêm de conceder status de cidadania a paisagens naturais na forma de personalidades jurídicas legalmente constituídas e representadas. É assim em consonância com tais marcos jurídicos que venho propor o reconhecimento da paisagem como artista legítima já eu mesma experienciando uma parceria psicocriativa nas andanças por Vascões. Tal gesto comporta em meu ser a melhor resposta a um entendimento da essência do meu fazer arte, ao acolhimento no lar ontológico em simetria de valores e em profundas interações simbióticas.
ver artigo em pdfIn this work, I focus on the rural landscape in all its transcendent universality, intervening in it through poetic gestures of listening to human and non-human elements, in a holistic perspective of Gaia. Master craftsmen, ancestral representatives of the thought, knowledge, ways of making and being characteristic of non-urbanity, have a conversation with the landscape itself through creative action related to art, culture and the world. The cinematographic language is used as a vehicle for affective, political, and aesthetic relationships, either through the audiovisual ethnography or through a creative process of animic- transcendental merging with the landscape of Mata de Vascões. On one hand, there are the physical and metaphysical components of the forest, on the other hand, the artist’s Arcadian emotionality pulsates. Therefore, how to listen and incorporate the landscape-artist binomial within its cathartic and co-participatory role in artistic creation? This work takes inspiration from the legal context that envisions a psycho-creative partnership of artistic insertions within the natural environment. Some countries such as Ecuador, New Zealand, Colombia, India, have granted citizenship status to natural landscapes, in the form of lawfully constituted and represented legal entities. In line with such legal framework, I propose the recognition of the landscape as an ‘artistic personality’, having myself experienced a psychocreative partnership while roaming through Vascões. This gesture simply comes as the best response to an understanding of the essence of my art making, an insertion of symmetry of values and deep symbiotic interactions into the ontological space.
Em 2002, surgiram os primeiros telefones celulares com câmeras de vídeo. Esses aparelhos eram pequenos e não apresentavam boa resolução de imagem, expondo claramente a presença de pixels. Com o desenvolvimento tecnológico, os celulares se tornaram maiores, mais finos e leves e exibindo linhas retas no seu design. Atualmente, eles são capacitados para armazenar imagens e documentos e possuem inúmeras possibilidades de visualização, de edição e de realização de imagens. Por outro lado, suas câmeras continuam sendo pequenas se compararmos com as câmeras profissionais de vídeos ou de cinema. De qualquer maneira, o telefone celular é um objeto muito usado para a realização de imagens, tanto no ambiente familiar como no profissional. Destacamos aqui o mundo do jornalismo, mas também o das artes e do cinema, conhecido entre outros como, “cinema de bolso”. Assim, este ensaio visa refletir sobre o tamanho da câmera de celular e o que isso implica no cinema de bolso, pois consideramos que a sua dimensão interfere na realização das imagens como sendo uma “extensão” do corpo do realizador. Assim, gostaríamos de abordar a teoria sobre psicologia e cinema do alemão Hugo Münsterberg que vê o cinema como sendo uma extensão do pensamento e do olhar humano, abordando a questão: o que faz do telefone celular objeto de realização de um cinema criativo contemporâneo?
ver artigo em pdfIn 2002, the first cell phones with video cameras appeared. These devices were small and did not have good image resolution, clearly exposing the presence of pixels. With technological development, cell phones have become larger, thinner and lighter, and exhibit straight lines in their design. Today, they are able to store images and documents and have numerous possibilities for viewing, editing, and making images. On the other hand, their cameras remain small compared to professional video or cinema cameras. In any case, the cell phone is a widely used object for making images, both in the family and professional environment. We highlight here the world of journalism, but also the world of arts and cinema, known among others as, “pocket cinema”. Thus, this essay aims to reflect on the size of the cell phone camera and what this implies in pocket cinema, since we consider that its dimension interferes in the making of images as an “extension” of the director’s body. Thus, we would like to approach the theory about psychology and cinema by the German Hugo Münsterberg who sees cinema as an extension of the human thought and look, addressing the question: what makes the cell phone an object of realization of a contemporary creative cinema?
A intenção do presente trabalho é apresentar a pesquisa que fundamentou a tese de doutorado defendida pelo Programa de Pós Graduação em Comunicação Social (UERJ). O objetivo é pesquisar a experiência de cinema na rua como forma de solidariedade, ocupação e reexistência. Tomo como questão central a seguinte pergunta: O que ocorre quando o cinema ocupa a rua? O fio condutor da investigação se estabelece a partir dos pressupostos teóricos de Judith Butler (2018) para pensar o cinema na rua como forma política e estética, que ocorre em espaços urbanos, ou seja, de um cinema como experimentação, para além da forma cinema padrão (PARENTE, 2013). Como método investigativo, fazemos uso do processo multimetodológico de associar a Teoria Ator Rede, de Bruno Latour (2012), aos conceitos de performatividade e assembleia provisória, encontrados em Butler, que auxiliarão a empreender o percurso de observação nos coletivos culturais Cine Vila e Cine Giro.Como resultado temos a criação de espaços de manifestação cultural, onde a cidade possibilita pensar outras formas de existência sejam dadas a ver. Ocupar um espaço, torná-lo público permite que ali existam experiências que sejam a em só tempo modificadoras de tempo e espaço, igualmente sensíveis e políticas. Ao comparar todas as sessões investigadas, tem-se como elemento mais representativo a potência de transformação que está na forma como as pessoas se apropriam dos espaços da cidade coletivamente.
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