AO NORTE . Associação de Produção e Animação Audiovisual

EXPOSIÇÃO . FOTOGRAFIA

a memória é parte de nós

O mundo
naquele verão

de Mário Venda Nova
21 de janeiro a 24 de fevereiro 2017
Galeria Espaço AO NORTE
Inauguração dia 21 de janeiro às 17h00, com a presença do autor.

A memória é parte de nós

A memória é parte de nós, impregnada de forma latente na construção do eu, uma forma de relato difuso da passagem do tempo, e é ao mesmo tempo um testemunho fiel e uma construção inconsciente. O que recordamos é a verdade ou será uma verdade ficcionada? “O mundo naquele verão” é uma tentativa de dar resposta a essas questões, sobre as relações familiares e a memória fotográfica, e serve ao mesmo tempo como construção de uma memória de verão, quente, difusa e ilusória. Este projeto funciona como repositório de memórias passadas cujo registo não existe ou que está desaparecido mas também como uma apropriação das memórias estranhas e adquiridas como minhas, apesar da inexistência de relações entre os retratados. A construção destas memórias remete-nos para as férias de verão, passadas entre o campo e a praia, os amores de adolescência, os beijos salgados, as eternas juras de amor mas também para as desilusões que se seguiram, para o que seletivamente procuramos recordar, o sol, a luz, a paixão, a dor, a tristeza, a solidão... Num mundo interior em convulsão as memórias são pequenos refúgios, abrigos em momentos de profunda solidão; um registo de uma tristeza que não se vê mas que se sente, cravada na pele de forma indelével e permanente. A exteriorização desta tristeza é apenas um dos elementos chave deste projeto, o medo de perder aqueles que nos são mais próximos por vezes leva-nos por vezes a um afastamento defensivo, a uma defesa em relação à perda inevitável mas que procuramos ignorar, como se essa ação fosse suficiente para que o tempo pare e deixe de correr. Mas não é. Estes pequenos fragmentos são pedaços de tempo, testemunhos de uma fração do tempo num espaço difuso, efémeros e incoerentes como as memórias conseguem ser; uma tentativa vã e inglória de perpetuar um tempo que passou.
Mas procura resgatar um passado que nunca existiu, apenas na nossa memória - e, mesmo nesta, apenas como construção - e através da apropriação das memórias de outros construímos as nossas, numa tentativa de as resgatar do esquecimento, apesar de nunca nos terem pertencido. “O mundo naquele verão” é um registo de solidão, de melancolia mas também de uma esperança fugidia, um raio de sol numa escura tarde de verão, uma doce recordação de tempos passados, uma estrela cadente que ilumina o céu de Agosto. É um hino ao amor, à solidão e ao que de mais íntimo temos: as nossas memórias.

Local

Galeria Espaço AO NORTE

Praça D. Maria II, n.º 113, r/c

4900-489 Viana do Castelo

De segunda a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 18h30

Nota Bio

Mário Venda Nova

Nasceu em 1968, no Porto, onde reside e trabalha. É fotógrafo desde 1991, com algumas interrupções entre 2000 e 2006 quando tirou um curso de artes plásticas. Tem estado sempre ligado à fotografia, do lado da produção ou do lado da curadoria, de forma consistente desde 2000. Em 2009 desenvolveu um trabalho de comissariado/curadoria numa galeria no Porto onde foi responsável pela programação desde set./2009 até jun./2012. Escreveu na revista portuguesa ”fotodigital” uma série de artigos de opinião sobre a fotografia, durante o período de fevereiro a dezembro de 2008. Em 2009 escreveu o texto introdutório para o livro ”entre reportagens” do fotógrafo Fernando Guerra. É um lobo solitário - sempre na procura do compromisso entre a mais pura solidão e o ato de comunicar com os outros - mais à vontade entre a solidão das ruas desertas de uma cidade ou nas mais cerradas florestas, Mário Venda Nova é um fotógrafo da angústia dos nossos dias, da tristeza e da solidão dos grandes espaços. É mais fácil encontrá-lo numa serra ou numa cidade deserta do que num evento social, onde está pouco à vontade. Fã do silêncio e da solidão. Sente-se confortável em qualquer suporte e é um mestre da impressão digital, utiliza máquinas low-fi - lomo holga, compactas dos anos '80, polaroid e pinhole, e a mais recente tecnologia digital. Fotografa em toda a luz em todo o lugar a toda a hora. Em 2011 fundou o ”colectivo phos” e em 2014 juntou-se à editora ”our private garden”, após o fecho deste projecto fundou a editora ”phos print”.