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Evanescência singular, esta, a das marés; eternamente pendular e regulada por uma métrica tão precisa que quase nos rouba o fascínio de podermos sentir o pulsar da imensa clepsidra que tanto mede o tempo “todo” como a sua ausência. Paradoxos.
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Como dissipar a densidade delimitadora do conceito de tempo e do lugar que o tende a preencher? Justapondo o mesmo lugar no mesmo tempo numa ubiquidade transfiguradora, ao ponto de diluir as coordenadas espácio-temporais numa metamorfose onde a leveza – sim, a “leveza” de que nos fala Italo Calvino – seja sentida e, sobretudo, vivida.
Assim, a evanescência não é condição exclusiva da(s) maré(s), nem a intemporalidade constitui a marca d’água única das paisagens/lugares que Adelino Marques fotografou e agora nos propõe nesta exposição. Mas, poderão constituir-se como pressupostos essenciais de quem assume o acto de fotografar como se de um gesto hermenêutico se tratasse, sabendo, de antemão, que “uma fotografia é simultaneamente uma pseudopresença e um signo de ausência” (S. Sontag).
Rui ApolinárioDezembro de 2017
Galeria Espaço AO NORTE
Praça D. Maria II, n.º 113, r/c
4900-489 Viana do Castelo
De segunda a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 18h30
Oficina de Fotografia da AO NORTE
Nasceu em Gondomar, onde reside. Iniciou o contacto com a fotografia no final dos anos setenta, na Faculdade de Medicina do Porto, tendo sido um dos colaboradores do departamento de fotografia da Associação de Estudantes. Frequentou o curso livre de fotografia da Cooperativa Árvore nessa mesma época e mais tarde o IPF – Porto. Tem participado em exposições individuais e colectivas em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em Itália, França, Polónia e nos Estados Unidos. Alguns dos seus trabalhos encontram-se publicados em revistas e livros e fazem parte de colecções particulares e institucionais.